o futuro do planeta ou planeta sem futuro. Josette Lassance, 2009




Tempos dispersos que poderiam ser modernos, mas apenas dispersos, algo mais que novidades, o tempo é o senhor de um destino fragmentado, cheio de atos falhos, atos políticos e partidos. Esse tempo efêmero, intenso e irrisório faz lembrar o casulo em configuração com a amada carne do processo da vida, eis que vincula o ato do existir em si, a metamorfose de quase acrílico que a ronda, ou invólucro de luxo ou lixo, invólucro que cobre de fina pele o próximo ato do homem, o suicídio das pequenas porções, esse mesmo tempo assim definido ou indefinido pelas pequenas frações de felicidade ou intensa dor, a camuflagem de suas máscaras que fazem o nascimento do homem ser algo ambíguo e fiel à sua intrínseca natureza: a liberdade de uma borboleta de plástico azul a mimetizar-se num céu traçado pelas cores virtuais de uma simulação, esse simulacro que a mente foi capaz de idealizar como um idealismo psicológico.

Não sei para onde essa borboleta sem sexo irá voar após nascer, ele ou ela sairão desprovidos de tentáculos para uma sobrevivência mais sábia ou sadia, encontrará a ração servida em vasilhas uniformizadas e suas máquinas de fazer sucesso e dinheiro fácil. Nascerão de placentas ricas, dotadas de uma quase inteligência artificial com o futuro vendido em leilões a peso de euros.

Terão um esporão de nascença, para alfinetar sem remorso o seu próximo, o homem novidade possuirá um kit vingança com rituais de sacrifícios esmerados, farão renascer os objetos de tortura da idade média, para compor com maestria sua finalização estética, o homem e seus elementos essenciais, o homem do futuro, impróprio nome que não sabemos caber em qualquer lugar.

As árvores, coitadas e cortadas na nova era das palmeiras, dando para um nada, o deserto vazio de promessas estremecidas, infelizmente não há o que recordar de bom e pacifista nesse futuro já tão perto de nossos pés, estes que caminharão por lugares ainda não visitados. O calor matando aos poucos a todos.

E os pobres, junto aos animais vagarão mais ainda, vivos, pessoas vivas sendo mantidas por algum projeto ideológico onde afirma que pessoas vivas são caras num mercado ainda promissor de votos (ainda que tardiamente) por alguém que necessita dessas pessoas ainda vivas serem criadas quase sem nada.

Os estudos servem para alimentar a prosperidade de uma intelectualidade burra, que não percebe o elementar para as civilizações: Educação. As crianças viram adultos artificialmente alimentados por uma rede infinita de percepções massificadas e não respondem a mais nenhum estímulo do que seja diferenciado como algo alternativo de existência.

Pode-se viver bem ou mal. Seria então uma escolha. O que o futuro nos reserva? Podemos comprar o passe para nossos herdeiros da ignorância?

O que queremos conservar para esse próximo futuro? Porque agora temos consciência de que temos um limite a ser percorrido. Salvar o planeta dessa suposta realidade pode ser uma grande esperança ou a fatalidade pela promessa cumprida de uma fantasia.







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