SIMPLICIDADE (J.L), 2008
tece
tua casa
fio
a fio
em
pardo tecido
em
prata
fia
tua dura
planta
molhada
com sangue
e
argila
molda
tua escultura em granito
esculpe
teu medo em insignificância
modifica
essa paisagem
escondida
do sol
cria
tuas cores
ilumina
a estrada
que
caminhares
finca
os pés no silêncio
como
se tuas palavras fizessem um único círculo
e
te livrassem da solidão
fica
contigo
te
sorri em teu espelho íntimo
faz
comidinhas nas tuas tardes de ternura
abraça
teus filhos
faz
a mesa do café
torna
tua casa um templo
teu
abrigo de pedra e cal
cava
um poço dos desejos
e
penteia teus cabelos nas manhãs de verão
do
maio que virá
anda
na areia da praia
faz
poemas
idealiza
um aroma
que
te tragam boas lembranças dos momentos felizes da tua infância
o
banho de chuva
a
cadeira de balanço da tua avó
beija
o vento
acolhe
a árvore
banha-te
de bálsamos
ouve
a música que te agrada
escuta
a quietude de teu coração
afaga
um animal ferido
dá
a luz dos teus olhos para uma criança perdida
sonha
com plantas
rios
e
colinas
e
respira a fumaça das cozinhas assando pão
imagina
como sobrevivem os animais mais ferozes do planeta
seja
um deles
e
mate suas mágoas
com
um gole de água pura
veja-se
sempre com a beleza das flores
caminhando
forte com os seus passos
e
não necessite de anjos maus
seja
feliz!